Poema – Lúcia Fenelon | Escritora e Cardiologista https://luciafenelon.com.br Lúcia Fenelon é muitas em uma só: esposa, mãe de um casal de filhos, médica cardiologista, poetisa, observadora de pássaros e da natureza. Fri, 06 Jun 2025 14:30:21 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.1 https://luciafenelon.com.br/wp-content/uploads/2021/12/Logo-Lucia-Site-Preto-150x150.png Poema – Lúcia Fenelon | Escritora e Cardiologista https://luciafenelon.com.br 32 32 6 – Mulher loucura https://luciafenelon.com.br/6-mulher-loucura/ https://luciafenelon.com.br/6-mulher-loucura/#respond Thu, 05 Jun 2025 13:45:07 +0000 https://luciafenelon.com.br/?p=1192

Corpo
Desejo
Coração
Amor
Intuição
Alma
Transcendência
Material
Delicada
Dura
Bruxa
Fada
Princesa
Súdita
Cativa
Livre
Plena
Partida
Curandeira
Cientista
Maternal
Órfã
Seio
Fome
Vinho
Água

Mistério
Simplicidade
Aparência
Essência
Antuérpia
Cascalho
Côncavo
Convexo
Choro
Sorriso
Santa
Pagã
Som do silêncio
Pausa da língua
Staccato
Legato
Confusa
Organizada
Não… pode ser sim
Linha reta, sem encontro
Cíclica, também
Tudo misturado, agitado, sovado, escaldado, cardado como uma colcha
Dual
Lei hermética?
Dá pra ser mulher e normal?
Loucura, mulher!

Poema que está no meu livro Céu – Quinta Estação, que será lançado em breve.

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Eles, o rapaz e o cachorro https://luciafenelon.com.br/eles-o-rapaz-e-o-cachorro/ https://luciafenelon.com.br/eles-o-rapaz-e-o-cachorro/#respond Thu, 05 Jun 2025 13:43:01 +0000 https://luciafenelon.com.br/?p=1189

Um cachorro
Um rapaz
Benício, seu nome
Pastor Malinois
Chegou, ainda filhote, pro rapaz, cheio de gracinhas,
Impossível não sentir
Uma brisa de alegria
Brincavam, corriam, rolavam
Os laços cresceram juntos com eles
Altivos, elegantes, ágeis, indomáveis, inquietos
Um à sombra do outro
Reconheciam-se pelo cheiro
Ele gostava de dormir com e nas roupas do seu dono, já usadas de fim de dia
Quintal verdinho, corria pra lá e pra cá, assustado sempre!!
Gostava mesmo de espiar dentro da casa, só pra vê-lo
Se abraçavam como dois humanos
Vinha de mansinho e, de repente, já no colo
Esquisito, ele já tão grande, se aconchegava ali, ficava imóvel, tentando congelar o instante
Se olhavam profundamente
Se entendiam num relance
Havia um quê de obsessão
Ambos passionais
Felizes, simplesmente
Teimosos por demais
Os dois, bonito de ver…
Jovens, fortes, saudáveis, esbanjavam tudo
Vida a perder de vista
Um dia, como outro qualquer, tomaram o café da manhã, como de costume
Na saída pro trabalho
Um último olhar, não reconhecido, despediram-se
Cada um no seu canto…
Do nada, começou
Festins desordenados
Bambus secos queimando, o quintal ao lado

Estalidos agudos e altos, intermináveis
Ele só, audição aguçada, medo, pânico
Desespero, adrenalina? Muita…
Pavor, os tiros não paravam, se multiplicavam
Assim, soltou-se da coleira num movimento fatal, com certeza com muita dificuldade e esforço, ainda correu desvairado, mas…
Partiu, precocemente, lá no cantinho, escondido
Deixando a impressão de história inacabada
Sem vida, o rapaz o encontrou
A camisa vermelha usada da noite anterior no chão
Coração, como os bambus secos estalando, queimou e gritou
Carregou com todo cuidado o amigo, como se vida ainda tivesse
Já não respirava, olhos apagados, já não suplicava seu colo
A ração, o restinho da água, lembrava a rotina
Sepultou, incrédulo
Vida e morte juntas, seu amigo
Peito abafado
Limite humano e da vida
Leis do universo
Agora, viver sem ele!
Trabalhar a saudade
Escutar o silêncio
Não ouvir seu movimento
Não sentir seu olhar
Não viver mais sua presença naquele espaço físico da casa com quintal
O amor sempre pede coragem da gente?
Amar de novo?
Leis do universo
Agora, viver sem ele!
Trabalhar a saudade
Escutar o silêncio
Não ouvir seu movimento
Não sentir seu olhar
Não viver mais sua presença naquele espaço físico da casa com quintal
O amor sempre pede coragem da gente.
Amar de novo?

Poema que está no meu livro Céu – Quinta Estação, que será lançado em breve.

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A dança https://luciafenelon.com.br/a-danca/ https://luciafenelon.com.br/a-danca/#respond Thu, 05 Jun 2025 13:29:50 +0000 https://luciafenelon.com.br/?p=1187

Senhoras é com vocês!
No palco da vida
Os dançarinos
Os sentidos despertos
Colchia, não mais
Incalculáveis ensaios
Recomeços, repetições
Dúvidas, descompassos
Ops, muitos pisões nos pés
Desencontros
Um certo cansaço, vez por outra um desfalecer,
Um quase desistir
Friozinho na espinha
Chegou o momento esperado!
O grande dia
A realização, o clímax, o palco
Tão poucos minutos
Eternizados, tatuados no coração
Primeiro, entrar no tempo exato
Um, dois e três
Num pra lá e pra cá
Desafio total
Adrenalina
Coordenação, sincronia do par
Cuidado, direita, esquerda,
Pra dentro, pra fora
A música continua
Ela não para, é como o tempo
Exposição total
Não há como enganar
Percussão, ritmo
Melodia, harmonia
O milagre. O humano
Quantos dons em nós
O ouvir
O sonhar
O balançar
O tocar
O sentir
O flutuar
O cativar
O cantar
O emocionar, e o fazer emocionar
Tudo ali, num mesmo instante, sob os refletores, as luzes coloridas
Vida em dança
Bolero, tango, samba, ah, o forró escolhido entre tantos, brasileiro por demais
Pernambucano
Vocação nata

Dança no pé
Finalmente
Os rodopios
O flutuar
O vestido
A saia no ritmo, no seu balançar
Pura beleza
Fluidez
Púrpurina pelo ar
Zabumba, grave, forte
Essencial
O triângulo
Metálico, simples, vibrante
Coração bate junto, se acertando, confundindo
O pulsar, a vida
Andamento
Cuidado
Imitando a vida
Segurando o ritmo
Sintonia perfeita
Passos, ops
Lateral, frontal, chuveirinho, cestinha, ioiô
Pé de carinho
Como mágica
Linda
A sanfona…
Seu fechar e abrir, seu fole
Seu fôlego, seu respirar
Confundindo com a dança e os dançarinos
Sentidos ativados, no volume e potência total
Mais e mais humano
Mindfulness
Aqui e agora
Corpos, almas e mentes em uníssono
O amor expresso
Todos os sentidos, forte, num mesmo instante
O medo se foi…
Dança simplesmente…
Paz
Agora vi o que não via
O ensaio era o caminho fundamental
Agradecimentos, no final, o curvar dos corpos, a plateia em aplausos
Plenitude, crescidos, livres
Agora, preciso
Partir para outros ritmos e gêneros
Outros ensaios
E espetáculos
Novo par?
E tudo recomeça
Como a vida,
No humano em mim em dança
Posso te tirar para uma dança?

Poema que está no meu livro Céu – Quinta Estação, que será lançado em breve.

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Partida e águas https://luciafenelon.com.br/partida-e-aguas/ https://luciafenelon.com.br/partida-e-aguas/#respond Wed, 04 Jun 2025 22:58:51 +0000 https://luciafenelon.com.br/?p=1164

Perder-se para se encontrar

Mundo dual, dolorido e colorido

Encontros, despedidas

Deixá-lo partir

Perdoá-lo

Desapegar-se

Palavras não mudam sentimentos

Explicar, foi seu entorno

Mas não foi

Foi o amor que se foi

Que, estranhamente, acabou

Não há argumentos

A linguagem do amor é outra…

É língua de anjos, não se fala, nem se ouve

…se sente

Não se vê

Executar o amor, aplicar penas, em vão

Não deixar que ele se transforme

Em pesar, desesperança e amargura é urgente

Tive-o nas mãos e no coração, mas escorreu entre os dedos, caiu no rio caudaloso

Misturou-se às águas turbulentas, perdeu forma, cor e cheiro

Correu, acelerou e chegou no mar, no oceano

Afundou, afundou,

A luz foi apagando

A escuridão aumentando

E até a vida marinha escasseando

O peso das águas o curvou

Não é ele mais

Não tem conserto nem concerto

Deixá-lo bem aí, no fundo inacessível, para acabar

Voltar para as margens, depois de muitas e exaustivas braçadas, e sem fôlego

Voltar a ver o sol e a lua

Respirar sem pressa

Caminhar mais leve e livre

E aí, estar sem amargura e com esperança

Pra recomeçar, fora das águas e sem esse amor, nas águas, partido

Poema que está no meu livro Céu – Quinta Estação, que será lançado em breve.

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