Perder-se para se encontrar
Mundo dual, dolorido e colorido
Encontros, despedidas
Deixá-lo partir
Perdoá-lo
Desapegar-se
Palavras não mudam sentimentos
Explicar, foi seu entorno
Mas não foi
Foi o amor que se foi
Que, estranhamente, acabou
Não há argumentos
A linguagem do amor é outra…
É língua de anjos, não se fala, nem se ouve
…se sente
Não se vê
Executar o amor, aplicar penas, em vão
Não deixar que ele se transforme
Em pesar, desesperança e amargura é urgente
Tive-o nas mãos e no coração, mas escorreu entre os dedos, caiu no rio caudaloso
Misturou-se às águas turbulentas, perdeu forma, cor e cheiro
Correu, acelerou e chegou no mar, no oceano
Afundou, afundou,
A luz foi apagando
A escuridão aumentando
E até a vida marinha escasseando
O peso das águas o curvou
Não é ele mais
Não tem conserto nem concerto
Deixá-lo bem aí, no fundo inacessível, para acabar
Voltar para as margens, depois de muitas e exaustivas braçadas, e sem fôlego
Voltar a ver o sol e a lua
Respirar sem pressa
Caminhar mais leve e livre
E aí, estar sem amargura e com esperança
Pra recomeçar, fora das águas e sem esse amor, nas águas, partido
Poema que está no meu livro Céu – Quinta Estação, que será lançado em breve.